Viver é um rasgar-se e remendar-se.

 

A vida é feita de um monte de tristezas, alguns momentos felizes e um monte de saudades. Todos os dias algo ruim acontece e já estamos tão acostumados à falta de alegria que nos desligamos e nem percebemos o quão tristes estamos vivendo. Ativamos o piloto automático.

Poucos têm a coragem de  aproveitar os detalhes e a simplicidade da vida. Há tempo para isso? Sim. É só não se preocupar tanto com o que os outros vão pensar se, por exemplo, em plena segunda-feira, você for ao parque para deitar-se na grama e olhar os formatos das nuvens.

Por que nos ocupamos tanto, trabalhamos tanto, se uma das coisas que nós queremos é ter um ataque de risos numa roda de amigos? Por que não conseguimos aproveitar todos os dias aqueles pedacinhos de alegria? O que aconteceu conosco? Diga-me se tudo o que você faz não é para ser feliz? Para quê serve tudo aquilo que você compra senão para te fazer feliz? Sabemos que isso é mentira. Então, por que não contempla esse céu maravilhoso em cima da sua cabeça todos os dias?

Se viver é um rasgar-se e remendar-se, por que temos tanto medo de rasgar sabendo que haverá como remendar? Remendos são, em sua maioria, feios e ninguém gosta de sair por aí todo remendado, porque se preocupam com a aparência. Melhor dizendo, ninguém quer viver a própria vida como bem entender porque ninguém quer ser alvo dos piores comentários dos colegas de trabalho, do bullying na escola, do preconceito alheio, da agressão e da hipocrisia. Ninguém quer ser a ovelha negra da família, ou “o pior erro que eu cometi na vida”.

Viver é um rasgar-se e remendar-se porque viver é difícil, a vida te obriga a rasgar todas aquelas cartas cheias de sentimento que você guardou. Aí, quando você finalmente consegue remendar algumas delas, nenhuma faz mais sentido, o papel está ali, as letras, a tinta, a mensagem, porém ficou por tanto tempos em pedaços que o sentimento dali se foi. A vida é assim, sempre assim, toda assim, feita de um monte de tristezas, momentos felizes e um monte de saudades.

– Verônica de Azevedo

 


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